Semana Mundial do Investidor: 8 em 10 investidores inquiridos pela CMVM detêm ações
3 de outubro de 2018
O aperfeiçoamento do conhecimento do perfil do investidor é uma ferramenta da maior importância para a CMVM na prossecução da sua missão de proteção dos investidores, permitindo avaliar com maior assertividade as eventuais necessidades no âmbito da política regulatória e de supervisão, e delinear eventuais ações de formação financeira.
Com esse objetivo, entre os dias 18 de Junho e 6 de agosto de 2018, a CMVM promoveu o "4º inquérito online aos investidores portugueses".
A análise das respostas será vertida num relatório final, mas é já possível antecipar alguns resultados preliminares que a CMVM divulga no âmbito da Semana Mundial do Investidor de 2018 e que, juntamente com os resultados do "Inquérito FinTech", foram apresentados e debatidos durante a conferência "FinTech e Desenvolvimento de mercado" (apresentações em anexo).
Resultado preliminares do "4º inquérito online ao investidores portugueses" da CMVM:
Em 2018 verificou-se que cerca de 84% do total de inquiridos detinham ações. Ao mesmo tempo, assiste-se a um equilíbrio entre os diferentes tipos de perfil de risco dos investidores: 36% dizem ser avessos ao risco, 28% são neutros e 38% afirmam ser propensos ao risco.
- 15% dos investidores detêm valores mobiliários que representam menos de 10% do seu património; e 19% dos investidores detêm valores mobiliários que representam mais de 50% do seu património.
- No momento de investir, os investidores consideram "extremamente importantes" os seguintes aspetos:
- O entendimento das características dos investimentos (referido em 98% das respostas)
- O risco de perda do capital (85%)
- Conhecer as comissões praticadas sobre os investimentos (89%)
- Nas respostas, observam-se diferenças relevantes entre os inquiridos que consideram ter conhecimentos de internet e novas tecnologias "muito superiores" à média (os "techies") e os restantes inquiridos. De igual forma, há também diferenças notáveis entre os investidores em criptomoedas (ICOs/Bitcoins) e os restantes investidores. Destaques:
- Investidores em ICOs e investidores que afirmam ter conhecimentos muito superiores face à média da população portuguesa apresentam scores mais elevados de literacia financeira, mas também julgam ter um conhecimento financeiro melhor do que têm na realidade.
- Os investidores em ICOs/Bitcoins são mais jovens, detêm mais ações e são mais propensos ao risco. Concretizando:
- Mais de metade (63%) dos investidores em ICO/Bitcoins acreditam que sabem o suficiente sobre investimentos, não tendo necessidade de consultar um profissional da indústria financeira, o que compara com 60% nos "techies" e 43% no total da amostra.
De acordo com um índice de literacia financeira calculado pela CMVM, cerca de 16% dos investidores inquiridos têm fracos conhecimentos sobre matérias de natureza financeira (situando-se nos dois primeiros degraus de uma escala de 5 níveis). Em 2015, um inquérito do Comité Nacional dos Supervisores Financeiros a uma amostra representativa do total da população portuguesa (e não apenas de investidores), concluiu que 65% da população se situava nos dois primeiros escalões do índice de literacia.
37% dos investidores têm melhores conhecimentos financeiros do que aqueles que acreditam ter.
Na análise a enviesamentos comportamentais no investimento conclui-se que 'a tendência para manter "loosing stocks" no portfolio por tempo demais', está mais presente nos investidores em ICOs e nos investidores que afirmam ter conhecimentos muito superiores face à média da população portuguesa do que para os restantes – para estes últimos, a presença dos vieses 'aversão à perda', 'falácia do jogador' (que se traduz em excesso de confiança) e 'tendência de vender winning stocks cedo demais', está mais presente do que nos primeiros.
Nota: Inquérito
com 48 perguntas, realizado entre 18 de junho e 6 de agosto de 2018, com respostas
de 2311 participantes e uma taxa de finalização de 65%
Anexos: